segunda-feira, 30 de março de 2009

Conservadorismo do bem.

Clint Eastwood é um republicano. Mas não do jeito que o George W. Bush é republicano. Eastwood está mais para um Abraham Lincoln. Clint Eastwood é um conservador. Mas não um fascista reacionário. É um conservador dos ideais americanos, da cultura americana (ele é apaixonado por jazz) e da liberdade (a verdadeira, não a que costuma ser empregada para defender o capitalismo selvagem). E nenhum filme retrata melhor o bom conservadorismo de Eastwood do que Gran Torino. O filme fala sobre um ex-combatente da Guerra da Coréia que hoje vive sozinho em uma vizinhança cada vez mais tomada por imigrantes. A princípio fechado e carregado de preconceitos, Walt Kowalski começa a aceitar os vizinhos orientais, se aproximar deles e até defendê-los dos ataques cada vez mais violentos de uma gangue. Mas ao mesmo tempo, Walt segue fiel a seus ideais, que não aceitam, por exemplo, que os americanos andem por aí com carros estrangeiros, enquanto as Fords e GMs da vida vão perdendo espaço. O Ford Gran Torino que ele cuida como se fosse um verdadeiro filho é o maior exemplo do orgulho do personagem em ser americano. Walt, na verdade, simboliza os próprios Estados Unidos, um país que precisa se abrir mais à ideia de conhecer e compreender as outras nações, sob pena de ficar cada vez mais isolado. À medida que a história se desenvolve, o personagem vai abandonando o que a América tem de pior, e ressurge com força e dignidade. A mensagem é conservadora: se os Estados Unidos forem mais tolerantes, voltaremos a ser os mais fortes e admirados. Mas só o fato de o filme deixar bem claro que isso não vai se conquistar através da guerra e da violência, já é um sinal absoluto da maturidade e inteligência do diretor. Clint, continue entendendo seu país e o mundo como nenhum outro artista hoje em dia. Continue fazendo esses filmes tristes e geniais. E, é claro, continue ouvindo jazz.

3 comentários:

@snel disse...

Clint is god.

Ótima análise do filme, Ângelo. Ainda não o vi, mas o trailer me passou isso e agora quero muito ir ver.

Dessa semana não passa.

Anônimo disse...

Clint agora, só dirigindo... infelizmente!

Rafael Koff disse...

Melhor filme do ano até agora...