segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

The Wrestler.


Mickey Rourke não merece o Oscar de Melhor Ator. Ele merece é entrar pra uma lista das 10 mais memoráveis atuações da história. Seu personagem em The Wrestler é tão real que fica difícil acreditar que ele foi criado por alguém. Quando o filme termina, a gente sente falta de um "based on a true story". Mas isso não se deve somente ao incrível trabalho do ator. O roteiro do filme foge da inverossimilhança e da forçação de barra como o diabo da cruz. E o diretor, que tem no currículo nada menos que Réquiem para um Sonho, trata de conduzir a coisa toda com o mesmo olhar nada esperançoso em relação ao famoso "sonho americano". Darren Aronofsky não foge de alguns clichês dos filmes sobre lutadores decadentes que obtém uma segunda chance. A diferença é que ele se utiliza desses clichês justamente para mostrar que seu filme é diferente, que seu conteúdo é outro. Ele faz o espectador identificar o que viu em outros filmes só para surpreendê-lo com a maneira que as situações são (ou não) resolvidas. Para dar um exemplo da genial simplicidade do filme: quando o personagem de Rourke caminha, a câmera o acompanha por trás, passando a sensação de que ele está sempre se dirigindo ao ringue para mais uma luta. Mas os golpes da vida real não são combinados, como na luta livre. Enquanto diretores como David Fincher se entregam às facilidades do cinemão, Aronofsky se mantém fiel a sua arte e suas crenças. E é disso que a gente, que gosta mesmo de cinema, precisa. Na trilha, hard rock bagaceiro dos anos 80, e uma música arrasadora do Bruce Springsteen nos créditos finais. Tento me segurar nos elogios, mas nesse caso é difícil: obra-prima.

Um comentário:

Alberto Ourique disse...

Bacana. Não vejo a hora de conferir com meus próprios olhos e ouvidos. Nada como um bom hard rock bagaceiro dos anos 80.