segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Changeling.

Changeling, no folclore europeu, são seres mágicos deixados no lugar de crianças que são levadas embora. Changeling também é o novo (aqui no Brasil) filme de Clint Eastwood. O filho de Christine Collins desaparece na Los Angeles dos anos 20. O trabalho do contestado departamento de polícia acaba trazendo a criança de volta para a mãe. Mas alguma coisa está muito errada. Christine simplesmente não conhece reconhecer o filho e cada vez fica mais convencida de que se trata de outra criança. Ao contestar a polícia, vê-se envolvida em um jogo de interesses que acaba transformando a sua situação em um pesadelo kafkaniano. Os filmes de Clint Eastwood são duros, pesados e não poupam o espectador. A gente sai do cinema demolido. Em cada uma de suas obras, ele nos mostra que o mundo não é exatamente um lugar agradável, e que a maldade e a violência podem estar em qualquer parte e afetar a nossa vida de um jeito irreversível. E aqui não é diferente. A referência à clássica comédia Aconteceu Naquela Noite tem dois significados: o primeiro é a ironia (na cena final, vê-se Christine, depois de tudo que sofreu, passando na frente de um cinema onde está em cartaz esse filme leve e romântico) e o segundo é a valorização do próprio cinema (aquela sala escura ainda é capaz de nos levar para longe de um mundo repleto de sofrimento). Infelizmente, Changeling peca em um ponto-chave: a atuação de Angelina Jolie. A atriz dá um tratamento larger-than-life para a personagem, o que prejudica as intenções realistas do diretor. Não é uma má atuação, mas me pareceu inadequada, destoante do clima geral. Fora isso, Changeling é mais do que um excelente aperitivo para Gran Torino, que dizem ser ainda melhor. Clint Eastwood é o melhor diretor vivo.

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