terça-feira, 13 de outubro de 2009

Tarantino é Deus.

Tarantino é Deus. E isso não é nenhum exagero de fã. Tarantino é Deus porque ele controla o seu mundo como nenhum outro cineasta. Em seus filmes não há uma obediência à lógica ou a regras estruturais clássicas. Em Inglourious Basterds pode-se perder uma hora explicando a trama britânica para destruir o alto-comando nazista e esse plano ser frustrado bem antes de colocado em prática, simplesmente porque o autor decide que vai ser assim. As mortes, nos filmes de Tarantino, são as mais inesperadas, porque não obedecem a uma expectativa gerada pelo roteiro. Elas simplesmente acontecem. E é por esse controle absoluto do seu mundo muito particular que Tarantino é, desde 1992, o diretor mais importante do mundo. E o único que pode ser chamado, legitimamente, de autor.

Dito isso, vamos ao que interessa: Inglourious Basterds é, até agora, o filme mais ousado do diretor. Porque, ao contrário de Kill Bill, que lida com uma realidade totalmente fantasiosa, aqui ele tem coragem de falar de fatos históricos. E fazer com eles o que bem entende. A primeira cena engana. Primorosamente executada, ficamos com a impressão de que Tarantino “amadureceu”, e fez uma transição para um cinema mais sério e comprometido. Isso é imediatamente quebrado com a introdução de um Adolf Hitler caricatural, de vaudeville, logo na cena seguinte. Esse Hitler parece dizer: “Relaxem, você estão vendo um filme de Tarantino.” E a partir daí, segue-se uma infinidade de momentos feitos exclusivamente para o prazer de quem adora cinema e ainda gosta de ser surpreendido por ele. A tese de Tarantino, presente em todos os seus filmes, e aqui levada a extremos radicais é: “Sou um cineasta. O meu mundo é o do cinema. E por isso, eu posso fazer o que quiser.”

As críticas a Inglourios Basterds e seu desrespeito a fatos históricos só pode ter sido feita por pessoas que, apesar de passarem a vida vendo filmes e escrevendo sobre eles, ainda não entenderam, de fato, a essência do cinema. Enquanto rimos e vibramos com Tarantino e seu mundo absurdo e genial, estamos rindo de quem leva a vida e a arte a sério demais.

2 comentários:

Meiriane Saldanha disse...

amoooo Tarantino! Sinto um turgor na pele ou algo que se assemelhe ao ver seus filmes... Ainda não vi esse e não tardarei a ver. Obrigada pelo incrível prazer que me deu ao clicar no "próximo blog" ...

Syd Barrett in Wonderland disse...

Ótemo!!! Pura verdade as tuas palavras sobre o Tarantino. Pra gente aproveitar mais os filmes do que criticá-los.