Vi dois filmes recentemente no cinema. Coincidentemente (ou não) os dois estavam sendo ameaçados de boicote por associações de deficientes mentais e visuais. E, surpresa! São dois filmaços. O primeiro é Tropic Thunder, comediaça dirigida por Ben Stiller, que na minha opinião é o grande nome da comédia hoje em dia. Ao contrário dos filmes caretas e moralistas da turma do Judd Apatow, Tropic Thunder não tenta passar nenhuma mensagem. O filme só quer divertir. E pra isso, não economiza no humor negro e nas piadas politicamente incorretas. Algumas delas envolvendo, sim, retardados. Na pior semana da minha vida, eu precisava ver uma comédia. E vou ter sempre na minha memória afetiva o bem que Tropic Thunder me fez.
Ontem vi Blindness e, sim, Fernando Meirelles é um grande diretor. Cidade de Deus não foi obra do acaso. Com esse novo filme, o cara fez tudo que podia (a trilha e a fotografia são geniais). Mas a minha opinião, sem ter lido o livro, é que Blindness é uma história pra ser lida, e não assistida (pelo tema cegueira e pelas intenções alegóricas da trama, que parecem não fechar muito com o realismo das imagens). Agora quero muito ler o livro e comprovar (ou não) a impressão de que filmar Blindness é, por si só, uma contradição. Mas excluindo essa tese, reafirmo que o Meirelles fez o que podia com o material e conseguiu criar grandes momentos de tensão, perplexidade e beleza. Esse rapaz vai longe.
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